Copa do Mundo do Catar 2022 por outras lentes

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Acompanhar a Copa do Mundo à distância é um grande desafio, porque sabemos que não dá para avaliar o que realmente acontece só vendo as transmissões oficiais, nem só as informações que vem dos organizadores. (fotos André Durão)

Uma das alternativas é voltar os olhos para outras lentes e tentar montar uma espécie de quebra-cabeça da Copa, monitorando diversos perfis das redes sociais e vendo histórias de quem está lá no Catar, trabalhando na cobertura.

Foi assim que começamos a seguir os relatos do fotógrafo André Durão, que estará na cobertura da Copa do Mundo até o fim do torneio. Nem sempre quem está escalado para essas coberturas tem uma agenda até o término, mas no caso dele sim.

Pelo Instagram, conversamos com Durão contou que já conhecia o Catar, porque esteve em junho no país, quando recebeu um prêmio na área da fotografia no esporte. Por isso, a volta ao país não chegou a ser uma total novidade, mas, durante uma Copa do Mundo, as coisas são bem diferentes já que a rotina dos jornalistas são outras.

“Uma das coisas que estranhei é que todo dia às 4:30h acontece uma ‘chamada alta para reza”, contou Durão. Hábitos diferentes, posturas sem flexibilidade são pontos que temos visto em alguns relatos nas redes sociais e reportagens de quem está por lá.

Foi essa dificuldade na flexibilidade que complicou um dos trajetos em que um ônibus, em Doha, que levava quase 40 fotógrafos para um dos jogos, e acabou se perdendo no trajeto em função de fechamento de várias ruas. “Levamos uma hora quinze para nos acharmos. Os motoristas foram treinados para chegar no estádio. Mas com as ruas fechadas no entorno não conseguiram saber o novo caminho a tomar. Oferecemos para ligar o GPS, mas não quiseram. Eles são doutrinados a seguir as regras então fica difícil até ajudar. O que tentei foi manter a calma dos fotógrafos. Tinha gringo ameaçando pegar no volante do ônibus. E olha que eu gosto de uma brincadeira só que lá não cabia nenhuma”, contou Durão.

Em outro momento, Durão explicou que durante o jogo Japão x Costa Rica o posicionamento tinha o sol a 35 graus e nas costas os tubos de ar condicionado soprando a 15 graus. O fotógrafo comentou no vídeo que está nos Reels do Instagram dele (@duraofoto).

Explicando melhor, o posicionamento privilegiado é partir de uma divisão feita pela FIFA, em relação ao posicionamento dos fotógrafos a cada partida. Na primeira etapa são definidas as prioridades de posição onde cada um fica no entorno do gramado. Todas as cadeiras onde ficam os fotógrafos são numeradas, em geral com cabeamento e banquinhos. As credenciais (além das que são retiradas antes do torneio) precisam de uma espécie de validação a cada partida. Se o veículo para onde você trabalha não tem envolvimento direto com o jogo, sua posição não será a melhor daquele momento, que fica para os jornalistas dos países em campo ou para quem está cobrindo aquela seleção.

O fotógrafo Celso Pupo, da nossa equipe, explicou esses detalhes que foram os adotados na Copa do Mundo em 2014. Ele havia sido contratado para acompanhar a França, então nos jogos do país tinha posição privilegiada, assim como quem estava acompanhando a seleção, em relação aos outros.

Desafios e o Inusitado do trabalho

Em um país como o Catar era bem previsível que histórias inusitadas fossem acontecer, como pelos menos mais duas que ele conta nesta etapa da Coa. Uma foi cruzar na estrada com um caminhão carregado de camelôs (essa é até esperada, mas normal – pra nós – não é hehe) ou tentar comer alguma coisa na madrugada com tudo fechado e só uma única opção: McDonald’s. A lanchonete estava cheia e complicou um pouco. “Ninguém se entende. Dez línguas e ninguém vai pegar os sanduíches porque ninguém estava entendendo nada”. Ouvir a história depois fica divertida, mas depois de horas de trabalho, e com uma rotina pesada no dia seguinte, é complicado mesmo. O melhor é levar da forma mais leve possível, afinal você está na Copa do Mundo.

Durão conta existe um esforço para tentar agradar quem está visitando o país. “Mas no fundo todos que trabalham e que conversei não são Qataris. A maioria é de indianos e do Paquistão”.

Ele registrou também a área destinada aos fotógrafos, com um estande da Sony. Um espaço enorme para atender a tanta gente. Outra questão que vale complementar é que, em geral, as empresas patrocinadoras na área (como a Nikon, Cannon ou a Sonny, por exemplo) liberam, gratuitamente, vários equipamentos para o trabalho dos fotógrafos. É chegar escolher (o que está disponível naquela hora) e utilizar o material. Não é só equipamento que vai trazer o melhor registro, mas quem está por trás dele.

Magia? Tem sim

Dizer que não existe magia em um trabalho assim não seria verdade. A possibilidade de estar tão perto de jogadores e de momentos que milhões só veem à distância é incrível. Glamour? Ai é um pouco diferente. Existe muito trabalho, ralação, cansaço aventura e muita coisa para contar ao longo de uma Copa.

Agradecemos as incríveis fotos que André Durão disponibilizou para esta reportagem.

 

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Post Author: Cristina Dissat