Minha história inesquecível no Maracanã começa bem antes do jui apitar o início da partida, o jogo era Flamengo x Vitória pela última rodada do Campeonato Brasileiro 2024.
Os ingressos esgotaram minutos depois das vendas abrirem, o estádio estava abarrotado, era mais do que um jogo pra cumprir tabela, era o último jogo de Gabigol pelo Flamengo.
A verdade é que o jogo pouco importava para os mais de 68 mil torcedores, porque a temporada já tinha acabado. A torcida estava ali apenas para presenciar o último ato de um ídolo. Adesivos especiais decoravam os peitos dos torcedores, bandeiras com seu rosto, crianças e adultos fazendo o muque por todos os cantos, todo mundo sabia que não era um domingo normal.
Emoção nas Arquibancadas
As lágrimas na arquibancada começaram já na hora do mosaico. Alguns seguraram a emoção mas não por muito tempo e a cada minuto que passava a esperança em ver o muque pela última vez só aumentava.
Todos ali sabiam que ia ter gol do Gabigol, e teve. O famoso facão que nos deu tantos alegrias, teve um sentimento diferente daquela vez, e aqueles que guardaram a emoção no começo do jogo já não tinham mais como segurar.
O Maracanã inteiro chorou junto, pra qualquer direção que eu olhasse tinham torcedores sentados na cadeira, abraçando desconhecidos, ou só olhando pro gramado gravando aquela imagem pela última vez. A comemoração que nos deu tantas lágrimas de alegria dessa vez salgava nossos olhos com tristeza.
Mas o momento mais marcante pra mim veio no apito final, um silêncio ensurdecedor tomou conta da arquibancada. Ninguém se mexia, ninguém queria ir embora.
A reação era a mesma, como se a ficha de todos estivesse caindo ao mesmo tempo. Não íamos mais levantar a plaquinha. Gabriel caminhou sozinho no gramado, mas nunca esteve tão acompanhado. A torcida só saiu da arquibancada quando ele passou pelo túnel de volta para o vestiário, coberto com a bandeira do Flamengo.
Aqueles minutos de silêncio entre ídolo e torcida valeram mais que mil palavras, talvez nunca mais tenha gol de Gabigol com o manto rubro negro, mas a memória da torcida jamais vai esquecer que naquele domingo teve.
Ana Clara Souza