Com direito a recordes de público nos estádios e transmissões, batendo cerca de 2 bilhões de espectadores ao todo, a Copa do Mundo de Futebol Feminino de 2023 entra na história também por ter uma seleção inédita levando o título. Espanha pela primeira vez na história é Campeã Mundial! (Fotos: Twitter oficial da Fifa)
Tivemos uma final eletrizante, típica de uma decisão de Copa do Mundo. Um jogo bem acirrado entre as duas equipes, que buscavam o título inédito nesta edição.
O gol de Olga Carmona, ainda no primeiro tempo, consagrou a equipe La Roja ao colocar o país na prateleira de campeãs.
Jogo Acirrado e Pênalti Perdido pela Espanha
O jogo começou com ímpeto e bastante acirrado. O famoso lá e cá a todo o vapor, com lances perigosos e a qualquer momento com chances de tirar o zero do placar. Aos 15 minutos, Lauren Hemp mandou uma bola na trave para a Inglaterra, enquanto que a Espanha, logo depois, chegou com Alba Redondo, que finalizou sozinha. Mas Mary Earps estava lá para defender.
Aos 34 minutos, tudo mudou. Lucy Bronze cortou para o meio, tentou driblar e passar a bola, mas acabou perdendo para três jogadoras que estavam na marcação. Ona, dali mesmo, mandou a bola para Caldentey, que tocou para a capitã da Espanha, Olga Carmona, sem marcação. Ela finalizou com um chute cruzado, sem chances para a goleira defender. Comemoração das espanholas, que quase ampliaram no último lance do primeiro tempo com Paralluelo, que tirou tinta da trave.
No segundo tempo, o ritmo foi o mesmo, mas a Inglaterra não conseguiu alcançar o empate.
A Espanha ainda teve chance de ampliar o placar com um pênalti, após um toque de mão da Keira Walsh dentro da área. Mas, Jenni Hermoso não foi feliz na batida, parando nas mãos da goleira Earps.
A equipe espanhola conseguiu segurar a adversária. Ainda teve que sofrer mais 13 minutos, além do tempo regulamentar para finalmente gritar “CAMPEÃO” pela primeira vez.
Presença Ilustre Fora dos Gramados
Formiga marcou presença nos últimos dias do torneio. A brasileira, que participou sete vezes da Copa do Mundo, foi a representante do país e estava no evento da Fifa Beyond Greatness para bater uma bolinha com outras meninas. O evento aconteceu antes da disputa entre o terceiro e quarto lugar.
A lendária camisa 8 ainda esteve presente no pré-jogo da final, fazendo uma participação honrosa e dentro do gramado.
Premiações
Aitana Bonmati levou o prêmio de Melhor Jogadora da competição. Mary Earps levou o de Melhor Goleira. A inglesa fez ótimas defesas, inclusive defendendo um pênalti na final. A japonesa Hinata Miyazawa foi a Artilheira, com 5 gols somados.
A jovem Salma Paralluelo, de 19 anos, levou como Revelação, sendo o maior nome, principalmente nas quartas e semifinal, marcando gols em ambas partidas. Ela, que se dividia entre o atletismo e o futebol, se tornou um atrativo para os olhos dos espectadores. Ao final, ela decidiu e optou pelo futebol, se tornando hoje a primeira jogadora da história do esporte a conquistar os mundiais de base (Sub-17 e 20) e da principal.
Trajetória da Campeã Mundial
Espanha caiu em um grupo com Japão, Costa Rica e Zâmbia, com boas chances de se classificar. Sua estreia foi facilmente ditada por um placar de 3 a 0 contra a Costa Rica, garantindo logo seus três pontos. O segundo jogo contra a Zâmbia marcou uma goleada de 5 a 0, assegurando mais uma vez o seu lugar mais alto no grupo.
A partida que fechou a primeira fase decidia quem passava em primeiro e em segundo. Japão, que mostrou o melhor futebol da Copa, em ambos os aspectos, deixou as espanholas em um nó tático, goleando por 4 a 0. Com isso, Espanha ficou em segundo no grupo.
A partir das Oitavas de Final, contra a Suíça, a chave virou. A equipe espanhola venceu facilmente por 5 a 1.
Nas Quartas de Final já, a adversária foi a Holanda, a Vice-Campeã Mundial, em 2019. Em um jogo duro e difícil, a Espanha viu a chance de vencer após um toque de mão dentro da área. Converteram o pênalti, mas logo em seguida levaram o empate, justamente da Van Der Gragt, que havia cometido o pênalti. O jogo foi para a prorrogação e aos 111 minutos, Salma Paralluelo estava lá para cravar de vez mais um passo da Espanha.
A Semifinal foi com a Seleção que havia mandado para a casa o atual Campeão Estados Unidos e Japão: a Suécia. As suecas vinham de uma crescente, com grandes expectativas após vencer duas das favoritas. Portanto, não seria uma tarefa tão fácil.
A partida foi acirrada, com ambas as Seleções brigando pelo gol e pela glória de estar na final, tanto que o primeiro gol só saiu aos 81 minutos. O jogo estava com cara de que teríamos uma prorrogação, mas bastou, literalmente, uma mudança do banco para mudar tudo.
Vindo substituir a melhor jogadora do Mundo, Alexia Putellas, novamente lá estava Salma Paralluelo para deixar o sonho vivo das espanholas. O efeito das substituições surtiram também para as suecas que aos 88 minutos, empataram com gol de Blomqvist, que também estava no banco. Mas, a esperança não durou um minuto. Logo no lance seguinte, aos 89, a capitã Olga Carmona – que seria o grande nome da vitória na final – finalizou de longe e acertou o chute, impedindo a goleira Musóvic a defender.
Com a vitória, a Espanha garantiu a melhor campanha de todos os tempos do país e chegou à final pela primeira vez. Em suas 2 últimas participações em Copas, as espanholas não haviam passado da fase de grupos, ficando em último lugar, em 2015 e caindo nas Oitavas na edição de 2019.
A tão sonhada final estava em mãos, faltava apenas mais um jogo. Uma final que contou com duas seleções chegando à decisão pela primeira vez. Inglaterra também fazia sua estreia na final da Copa do Mundo. No final, a Espanha se tornou a quinta seleção a conquistar uma Copa do Mundo.
Levando o País ao Topo de Geração a Geração
Apesar de todo o transtorno e problemas nos bastidores da Espanha, envolvendo técnico, atletas e Federação, isso não afetou o desempenho das jogadoras em campo, que buscaram o título até o fim.
Uma curiosidade é que esse título completou a tríplice coroa das conquistas da Copa: Sub-17, Sub-20 e a principal. A geração espanhola vem forte e com muito potencial, desde já da base. Ainda tem muito futuro pela frente e promete ser brilhante.
Não só para elas, mas para o futebol como um todo.
Efeito da Copa do Mundo
O que o futebol feminino trouxe não só para os países da Oceania, mas para o mundo? Não só adultos, mas crianças e adolescentes acompanharam durante todo esse mês a evolução do esporte e de como ele ainda irá evoluir daqui para frente. A geração de jovens meninas e meninos apoiando e tendo como inspiração as grandes estrelas de seu país é algo a ser lembrado lá no futuro, quando forem elas a ocuparem esse lugar.
Apuração e Reportagem de Yasmin Queiroz – integrantes do Projeto Educacional do FimdeJogo/DC Press e a Universidade Veiga de Almeida. Edição Cris Dissat. Supervisão Daniela Oliveira. Revisão de texto Patrícia Bernardo.