O maior desafio em uma cobertura de um jogo emocionante é conseguir sentir toda a emoção do momento e conseguir ter equilíbrio suficiente para contar essa história. Esse foi o desafio do Antonio Brenna, que faz parte do projeto educacional do Fim de Jogo e da Universidade Veiga de Almeida. (fotos Jayson Braga)
Interessante é que deve ser o texto que vai anteceder ao credenciamento dele oficial para iniciar as coberturas locais. Não só ele conseguiu, como também trouxe momentos de dentro da torcida e com um olhar diferente do que, geralmente, temos quando transmitimos da Tribuna de Imprensa. Depois de um jogo épico contra o Corinthians, a tarefa era olhar essa partida por outro ângulo, que ele contou no texto a seguir. Sobre os arredores e a chegada dos torcedores, além de outra visão, agora de um torcedor, que vamos contar em outros posts.
Despedida de Fred, direto da Arquibancada
Noite mágica, não tem palavra melhor que possa explicar o Maracanã. O dia 09/07/2022 vai ficar marcado para sempre na memória dos torcedores do Fluminense. Neste sábado, o artilheiro Fred se despediu dos gramados, do jeito que ele queria, diante da torcida que o ama como nenhuma outra e sendo ídolo e referência dentro do clube.
A torcida estava em êxtase, já no embalo do cantor Belo, era possível ver algumas lágrimas na arquibancada. Um clima muito propício para a despedida, Até os 30 do segundo tempo a arquibancada era só apreensão para ver o ídolo em campo pela última vez. Quando o auxiliar técnico do Diniz chamou o camisa 9, o estádio veio abaixo, como se fosse um, mas era “apenas” um dos maiores ídolos da história do clube. Eram quase 63 mil tricolores acompanhando o momento (63.707 presentes, 57.844 pagantes e renda de R$ 2.205.275,00).
Fred entrou, foi ovacionado durante todo o tempo que esteve em campo, infelizmente o gol 200 não saiu, mas a cada finalização era um suspiro, uma tentativa de ludibriar a lógica e fingir que esse momento não iria acabar, que seria eterno, assim como a torcida o chama.
Mas toda história tem um início, meio e fim, e a de Frederico Chaves Guedes foi encerrada como devia. Ídolo, Artilheiro, referência e símbolo do time de guerreiros. A torcida tricolor aplaude ele de pé, exatamente como ele merece, fazendo com que fique pra sempre na história do clube.
Fred, um Ídolo
É cada vez mais difícil achar histórias de idolatria no futebol, uma das últimas se acabou no Maracanã em uma linda tarde ensolarada, de sábado. O dia 09 de julho de 2022 marcou o fim de uma era e de um ídolo. Contra o Ceará, Fred pendurou as chuteiras e encerrou uma caminhada que teve início lá em 2009, quando chegou da França para defender o tricolor.
Em um período conturbado, foi destaque para livrar o time do rebaixamento e no ano seguinte tirar o time da fila no Campeonato Brasileiro. Em 2011, bateram na trave, até que chegou o ano de 2012, onde provavelmente o elo entre torcida e ídolo foi selado.
Um ano espetacular com título carioca, brasileiro e de quebra, artilharia garantida para o camisa 9.
Nos anos seguintes foram tempos mais conturbados, um quase rebaixamento em 2013 e um pós-copa arrasador para o artilheiro. Muitos o chamavam de cone e jogaram sobre ele a culpa da derrota da Copa, mas para a torcida tricolor ele ainda era e sempre foi o Fred, artilheiro, matador e decisivo.
Voltou para o restante do Campeonato Brasileiro nos braços da torcida e foi artilheiro do Brasileirão. Já em 2016, foi praticamente obrigado a deixar o clube por um desentendimento com a diretoria.
Chorando em plena coletiva ele dizia que não queria sair, pois deixaria ali uma família, mas que também não ficaria para não prejudicar o clube. O tempo passou, Fred foi ao Galo, depois cruzeiro e quis o destino que ele voltasse para os braços daqueles que o querem bem. Uma volta quase heroica, de bicicleta, ele veio até o Rio de Janeiro.
Isso tudo se encerrou hoje, certamente Fred está no Top 5 da história do Fluminense. Se ele foi o maior? Acredito que isso, só o tempo irá responder com clareza. Mas, com toda certeza do mundo é um deles, a quantidade de crianças que se chamarão Frederico por conta dele, a quantidade de momentos que ele, sem nem saber.
Foi capaz de eternizar estarão para sempre marcados na memória de quem viveu isso, seja na arquibancada, na televisão, ou em qualquer outro lugar. A verdade é que hoje, um pouco do Fluminense se vai, não para acabar, mas para dar espaço para um novo Castilho, um novo, Um novo Gerson, um novo Carlos Alberto Torres, ou quem sabe até mesmo um novo Fred.
Uma cobertura especial que dá início a uma nova fase de Antonio Brenna, repórter do projeto Fim de Jogo e a Universidade Veiga de Almeida. Supervisão Cris Dissat. As fotos são do Brenna e do fotógrafo Jayson Braga.